Thursday, November 16, 2006

True friendship...

Em primeiro lugar quero pedir desculpa pela ausência de textos meus. Para quem não sabe, aqui a Facada retomou a sua vida de estudante profissional e com um horário das 9h às 18h resta pouco tempo para outras actividades, nomeadamente o blog. Hoje acabei o meu segundo módulo do curso e tive um exame, resultado, pude sair mais cedo e aproveitar mais o tempinho livre, já que está a chover e não me apetece sair para longe, para além do facto de não me encontrar tão cansada que só me apetece sopas e descanso... (ai, ai... a bela vida de estudante profissional... lol).
Confesso que este post estava a ser preparado há já algum tempo, mas sendo um tema tão controverso, polémico e possivelmente susceptível de eu ser criticada, estava a escrevê-lo com todo o cuidado. Hoje, finalmente deu tempo de sobra para retomar isto e aqui vos deixo a minha dissertação! ;)

É um facto conhecido da ciência: o calor dilata os corpos. Toda a gente sabe isso, toda a gente aprendeu isso na escola...O tema que escolhi desta vez é algo polémico, grinda comigo e, não sendo uma verdade absoluta com as leis da ciência ou as regras da matémica, já aconteceu com todos nós, acontece ainda e certamente se voltará a repetir. Se o calor dilata os corpos, o que faz o tempo e a distância aos amigos?!
Dizem-nos que a verdadeira amizade dura para sempre, que os amigos verdadeiros são aqueles que estão conosco nos tempos bons, mas principalmente nas alturas mais conturbadas, confortam-nos e dão-nos apoio... e não importa a distância ou o tempo em que estamos separados, quem gosta de nós, gosta sempre. A minha experiência diz-me, no entanto, que a realidade é bem diferente daquilo em que gostamos de acreditar... sim, porque não é que não acreditemos, mas dizem-nos assim tantas vezes que acabamos por interiorizar esse facto e já nem questionamos, embora, lá no fundo, por vezes, um certo descontentamento, vindo não sei de onde, nos venha provar que nem tudo é o que parece.
Na verdade a amizade é um ciclo (não se espantem com os termos, mas isto de voltar a estudar tem as suas implicações... ando numa de ciclos agora), tem um princípio, meio e fim... sendo que as circunstância que levam a essas fases podem variar. Vejamos, o princípio... O princípio pode ser na escola, no bar, no restaurante, na fila das finanças ou dos correios ou mesmo num choque de carro (sim, falo por experiência própria... lol), uma cara conhecida que, com o passar do tempo, se vai tornando em algo mais, um/a confidente, companheiro/a de riso e choro, etc. O meio é a convivência e os momentos em conjunto e em comum, quando a tal cara conhecida se transforma em algo mais. A questão essencial para este post é, e como seria de esperar, o fim do ciclo, quais as razões que levam ao fim de uma amizade?!
Podem ser muitas, a morte, por exemplo (e não vale a pena começarem já com cenas -man-, é mesmo assim, a morte é sempre o fim de algo), depois e aquilo que me leva a escrever este texto é exactamente para trazer uma luz sobre estas questões... o desgaste das relações, a perda de intimidade e de características comuns, o tempo e a distância, entre outras, certamente.É um facto conhecido que aqui a Facada estudou uns tempinhos fora (e o Cocó também, sendo que a Ranheta funcionava como interface dos dois "mundos"... um big thank you very nice para ela que nos ajudou muito a superar certas e determinadas situações! lol), aquilo que não é um facto conhecido de todos (à excepção claro de Cocó e Ranheta... que sabem tudinho sobre tudo, não é ao acaso que possuem mentes iluminadas) é que estas experiências podem mudar a nossa perspectiva das coisas profundamente... no meu caso mudaram, e se em muitos aspectos foi para melhor (especialmente em termos linguísticos e culinários), em alguns outros foi para pior, neste caso, é uma questão de perspectiva, na minha opinião de "mais vale tarde que nunca", nunca é tarde demais para reflectir sobre as coisas que sempre considerámos certas na nossa vida... os amigos.
Os amigos não duram para sempre, a amizade não dura para sempre; ela deve ser cultivada e renovada, mas nem sempre isso é possível, nem sempre as pessoas nos permitem fazer isso. E quando deixamos de nos sentir confortáveis com os nossos amigos de sempre?!
“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser (etc.)”, as pessoas mudam e aquilo que há dez anos atrás era giro, agora deixou de ser, e os sonhos que tinhamos e que não se concretizaram mudaram-nos, transformaram-nos nos adultos que somos agora... a mudança toca a todos... a verdadeira amizade também se esgota...

P.S. – Só para salvaguardar um aspecto, a relação CRF-O3VA que, vai ser daquelas coisas “até que a morte nos separe”. Tenho a certeza! =)

2 comments:

Anaipa said...

hum... Facada... isto é pesado para uma sexta feira de manha... contudo irei comentar em maior profundidade... quando ?! logo se vê. Porém como mente iluminada, permite-me só uma correcção: a ciência não assenta em verdades imutáveis, mas sim em evidências, que podem ser refutadas... o campo das verdades imutáveis é o da fé!
oh... já que estou embalada... vamos a isto...
Se por um lado percebo a tua dificuldade face à não renovação de temas para aquelas amizades que podem-se considerar moribundas... a diferença é que as mesmas não estão mortas, tão é nesse caminho... portanto cabe-nos a nós "amigos" fazer algo nesse sentido... e como tudo envolve esforço, e tal como noutros contextos de relações humanas, it takes two to tango, logo se virese que és só tu que insistes na sobrevivência da dita amizade\relação, poder-se-á reflectir sobre o facto da outra parte querer que se pratique a eutanásia ... nesse caso, que morra a amizade, e que fiquem as boas memórias, aquelas que nos confortam e nos permitem ter aquele sorriso por vezes marroto e que deixa um brilho nos olhos.

Por outro lado, há também as amizades que estão em coma... mas que quando acordam... yupi... porque não acordaste mais cedo... e o sabor da relação é bem melhor porque se teve a experiencia do periodo de intermitência.

E depois isto dos amigos é como na astronomia... há as estrelas, que nos iluminam, aquecem e basicamente estão ali; há os cometas, que aparecem e desaparecem mas que pelo seu cariz extraordinário serão sempre especiais; os buracos negros, que pronto... são os desconhecidos que tememos, mas que existem e nos telam a dimensões de twilight... e os outros planetas, que partilham o nosso sistema, mas que são parecidos com os vizinhos, comprimentamo-nos, e dão ordem ao nosso mundo, i.e. conforto... e depois por fim os satélites que gravitam em nosso redor...

mas permitam-me ainda outra divagação... por sistema, nunca fui muito dada à quantidade de amizades... em dados momentos estes eram em número inferior aos cinco dedos que trago nas extremidades de cada membro... mas essenciais... sem eles sentia-me uma amputada, sem contudo o demonstrar...

Amigos do passado, obrigado pelos monetos e memórias, obrigada dedos de pianista, maçã verde, tapshoes, anita...
amigos do presente... o caminho está a ser interessante...
amigos do futuro... mal posso esperar por vos conhecer...

Anonymous said...

Esse verso de Camões é tão acertado! Não sei se a amizade pode acabar assim de forma tão definitiva, mas é como a lei de Loivoisier, tudo se transforma e a estranheza do outro predomina sobre o que havia sido outrora cumplicidade. Isto de estar sempre em movimento complica a vida, as amizades e as coisas que dávamos por garantidas. Gerir tudo é complicado, a mudança pode tornar-se solitária mas também nos ajuda a apercebermo-nos do realmente importa, aonde está e por quê/quem bate o coração. O longe pode exacerbar o perto (passado ou futuro). O importante é ser-se fiel a si mesmo e às suas mudanças.

Always yours***